Informe econômico nº 4

Resumo analítico das principais notícias da área econômica entre 19 e 25 de junho:

• Em semana agitada pelas repercussões do impeachment sofrido pelo presidente paraguaio, Fernando Lugo, as notícias da área econômica continuam preocupando aqui no Brasil. A avaliação que se dissemina no mercado é de que as medidas adotadas pelo governo da presidente Dilma Rousseff serão insuficientes para reverter a tendência de um crescimento abaixo de 2,5% em 2012.

• O ministro da Fazenda, Guido Mantega, tem falado em crescimento de 4% e criticou na semana passada uma projeção feita pelo Credit Suisse, de crescimento de 1,7%. Mas a própria equipe econômica estaria agora revisando suas “estimativas” de crescimento abaixo de 3%. As estimativas do governo, é bom lembrar, têm mais um caráter de meta do que uma projeção puramente técnica, baseada no quadro atual, que é ruim.

• Alguns dados da indústria: o índice de utilização da capacidade instalada, medido pela CNI, ficou em 73% em maio de 2012 ante 71% em abril do ano passado. Já o emprego industrial voltou a cair no mês passado, segundo a mesma sondagem.

• Os dados do mercado de trabalho também apontam sinais de acomodação na geração de postos formais: em maio foram abertos 139,7 mil postos de trabalho, bem menos do que os 252,1 mil postos gerados no mesmo mês do ano passado. As contratações foram mais fracas em todos os setores pesquisados.

• A retomada do crescimento nos próximos meses, segundo analistas, dependerá do comportamento das operações de crédito do sistema financeiro. Mesmo com a queda na taxa Selic desde agosto do ano passado, as novas concessões seguem com baixo crescimento e os bancos mantêm elevados spreads.

• Crescem os rumores de que, nesse cenário, o governo deverá também anunciar a redução da TJLP, cobrada nos empréstimos do BNDES e que está em 6% desde junho de 2009. O Ministério da Fazenda desmentiu o noticiário a respeito, mas há indicações de que o assunto realmente entrará (ou já entrou) na pauta da equipe econômica.

• Na área agrícola, o governo anunciará na quinta-feira o Plano Safra 2013 com redução da taxa de juros incidentes sobre os financiamentos de custeio e investimento, hoje em 6,75%. Fontes informam  que a taxa cairá abaixo de 6%, o que poderá precipitar também a queda da TJLP.

• Por outro lado, o noticiário do final de semana passado deu destaque para o relatório anual do Banco de Compensações Internacionais (BIS), espécie de banco central dos bancos centrais do mundo. Esse relatório indica que o Brasil corre riscos financeiros por conta do endividamento das famílias e empresas, que está crescendo a níveis demasiadamente altos. O banco alerta também que um arriscado boom imobiliário pode estar se formando no país, sobretudo no Rio de Janeiro e São Paulo, onde o preço dos imóveis disparou.

• Nesse sentido, é importante lembrar que, segundo indicadores da Serasa/Experian, a o índice de inadimplência do consumidor atingiu em maio o maior patamar da série iniciada em janeiro de 1999.