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Artigo: A corrupção que nos corrói a cada dia

Por Correio Braziliense/Coluna do Ari Cunha

postado em 02/02/2016 0:00 / atualizado em 02/02/2016 0:00

Segundo o relatório divulgado esta semana pela organização Transparência Internacional, o Brasil despencou sete posições no ranking sobre percepção de corrupção no mundo, passando da 69ª posição para a 76ª, entre 168 países pesquisados. Com um índice de 38 pontos, o Brasil terá como companhia nesse patamar nações como Tunísia, Zâmbia, Burkina Faso e Bósnia-Herzegóvina.

 
Para as autoridades do governo, a divulgação do ranking não é mencionada e, muito menos, serve de motivação para alterações de rota. O tombo ladeira abaixo tem causas bem conhecidas pelos brasileiros: escândalos de corrupção na Petrobras e em outras estatais, desemprego crescente, além de problemas na economia, na política e no próprio Estado.
 
Se os problemas e suas causas são do conhecimento de todos há muitas décadas, a pergunta que fica é a razão por que permanecem inalteradas.
 
Para o promotor de Justiça e presidente do Instituto Não Aceito Corrupção, Roberto Livianu, o relatório espelha o que aconteceu ao longo de 2015, quando veio à tona uma série de casos graves envolvendo dezenas de bilhões de reais desviados e pessoas poderosas, algumas delas presas e processadas. “São casos graves e superlativos”, diz.
 
 
Mesmo diante desse quadro, o promotor consegue vislumbrar um sinal positivo, graças ao trabalho eficaz de instituições como o Ministério Público e a Polícia Federal. O fato de se tratar do maior caso sequencial de corrupção de todos os tempos faz que, considerando tamanho, ramificações, número de pessoas, de instituições e empresas envolvidas, ela acabe se tornando também bastante visível.
 
Apesar do bom funcionamento da Justiça no Brasil, Roberto Livianu ressalta que a quantidade absurda de casos de corrupção obrigará o Judiciário a verdadeiro trabalho de Hércules. Levianu aponta ainda o fato de que, no Brasil, a maioria dos mais de 5 mil municípios não possui controladorias locais, o que facilita a propagação dos casos de corrupção. “Precisamos que as prefeituras se controlem internamente e coíbam os desvios de patrimônio público, evitando os contratos irregulares e indevidos, assim como práticas de nepotismo, portanto, o controle interno é fundamental”, diz.
 
Pelo tamanho do país, pelo volume de casos que vão vindo à tona, dá para notar que esse será um trabalho que necessitará de muitos anos e muitas gerações para chegar a bom termo. É esse o problema com um gigante pela própria natureza.
 
 

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